E Deus criou o sexo seguro, e chamou-o de casamento…
A Rita teve de ir no fim-de-semana ao Alentejo com os pais e eu fiquei a reinar no condado de Lisboa. Até ontem ainda não tinha falado com ela ao telefone, estou a tentar deixar crescer água na boca e já conseguiu encher a minha caixa de mensagens umas três vezes. Está apaixonada... e eu também, mas com uma diferença: tenho receio de carregar esse título... e então vou fazendo um jogo perigoso. Começo a sentir que posso perder algo verdadeiramente essencial: a minha independência! Depois de deixar a Rita passar-se (as últimas mensagens dela são de desespero, mas depois arranjo uma desculpa), decidi não ficar em casa agarrado ao telemóvel a responder às mil mensagens da Rita. Acabei as aulas e agarrei no carro e fui ao Chiado aproveitando para completar os meus presentes de Natal. Encontro a Filipa no elevador e como ela já está de férias convidei-a a vir comigo. A Filipa estava naqueles dias em que só lhe apetecia “chá e pantufas” e cedo me apercebi que foi má ideia convidá-la a vir comigo nesta tarde cultural. A Fnac estava (mesmo em dia de semana!) cheio de gente e os livros que precisava só os arranjei na livraria Bertrand. Com o sol encoberto nada a espevitava e decidimos voltar para casa e preparar um jantar cooperativo. A Filipa fez o arroz e uma salada divinal, e eu preparei uns lombos de pescada (daqueles congelados…).
Não sei se foi porque o jantar foi peixe mas mal terminámos, e sabendo bem que eu tinha de me deitar cedo, a Filipa foi para casa e regressou 10 minutos depois, não tinha luz em casa e perguntou-me se podia dormir cá em casa. Eu a principio fiquei perplexo pela intromissão, mas não me mostrei surpreendido e propus-me a ir ver o quadro. Pensei que fosse alguma mentira dela e aí poderia confrontá-la com a verdade. E se calhar até foi alguma peça que ela arrancou, mas a verdade é que verifiquei o quadro, o contador, tentei ligar mas nada... nem as tomadas! Se calhar esqueceu-se de pagar, mas nem é hábito. Ainda pensei na hipótese de lhe dizer só para vir tomar banho amanhã, mas com este frio compreendo que os aquecimentos não funcionem e se pode dormir aqui ao lado... porque não? E decidi dizer-lhe: "-Ok… ficas lá em casa esta noite e amanhã chamo alguém para ver o que se passa.” A Filipa é talvez das miúdas (que vive sozinha e que eu conheço) que tem a casa mais gira. Ela é super arrumada e tem um gosto moderno formidável. Juntou umas roupinhas e um pijama com uns ursinhos (coisas de gajas...) e fechou a casa como que para sempre. Ela veste roupas apertadas para salientar o seu peito generoso e as suas linhas muito perfeitas em nada ficam prejudicadas com as camisolas de lã. Em tempos já me deixou de boca aberta com algumas mini saias, agora considero-a simplesmente uma vizinha amiga.
Ficámos a ver um filme quando o telemóvel tocou. Era a Rita, atendi e desdobrei-me em mil desculpas: “-Sabes, esqueci-me do telefone em casa do Miguel e ele teve fora e só agora é que ele me veio trazer... uma chatice!” A Rita lá acreditou na desculpa esfarrapada (ou fingiu que sim e pelo menos não insistiu mais) e tive de lhe prometer um almoço na quarta-feira. Quando regresso do quarto (preferi ter esta conversa longe dos ouvidos da vizinha...) a Filipa comenta num ápice: “-Ela já te começa a controlar? É o princípio do fim...” Sinceramente não gostei do comentário mas encolhi os ombros para terminar logo ali a conversa.
“Já é tarde, vou-me deitar mas fica a ver televisão à vontade” disse eu para ir para o quarto novamente e enviar uma mensagem de boa noite à Rita. A Filipa não se convenceu e surpreendentemente disse: “Eu também vou! Posso dormir contigo não posso? Ou tens medo...” enquanto junta os seus dois braços à volta da minha cintura. Fiz um sorriso e disse: “- Claro que sim...” A Filipa apressou-se e deu-me um beijo, seria normal eu ter ficado surpreendido mas já estava à espera que mais cedo ou mais tarde tal viesse a acontecer. A Filipa tem um corpo que dá vontade a qualquer homem de conhecer, comer e chorar por mais, e eu não me fiz de parvo. Chegamos ao quarto já em respiração ofegante e quando estou a despi-la pergunta-me se tenho preservativos. Claro que sim, e quando ela me tira as boxers e me preparo para o colocar ela tira-me da mão e inicia um processo que vale a pena referir. Numa mistura de boca e de mãos, quando dei por mim ao final de 3 ou 4 minutos já tinha o preservativo colocado sem dar por isso! Muito profissional... Continuámos num sexo desenfreado, como que esquecidos da nossa relação de vizinhos, e nada comprometidos por sermos amigos. A Filipa insistia em montar em cima de mim, e eu adorava ouvir os seus gritos de prazer. Insistimos até tarde numa troca constante de boca, mãos e sexo. Muito sexo em todas as posições! No final tomamos um banho e Filipa ainda insistiu em que eu devia vir-me mais uma vez. Mas o que veio foi o sono... estava derrotado, já não aguentava mais. A noite foi um espectáculo e nem pensei na Rita. Adorei dormir agarrado à Filipa, das suas carícias e dos seus beijos constantes. Acordei e fui para as aulas, quando voltei nem sinal da vizinha.
É talvez por isso que, quando Deus criou o sexo seguro, o chamou de casamento e eu recuso-me a casar tão cedo...