O fim do ano está à porta e ultimam-se os contactos para cada um decidir onde vai passar a última noite do ano. Em conversa com amigos tentámos recordar onde cada um de nós tinha passado a última passagem de ano e nenhum conseguiu assumir que nos últimos cinco anos tivesse sido algo de interessante. Então para quê celebrar uma noite que a maior parte das vezes acaba em grandes secas? O primeiro convite partiu mesmo aqui ao lado por parte da vizinha Filipa que após ter adorado o meu presente de Natal (escolhido pela Rita!) propôs-me uma passagem de ano caseira. Sugeriu algo aqui em casa com uns amigos, fazíamos umas comidas, cada um trazia as bebidas e juntávamos assim os mais amigos. Além disso fez questão de me garantir que seguramente eu iria começar bem o ano, o que me fez recordar “aquela factídica manhã"... Afinal de contas a ideia até não é má e se nos dias normais a Filipa parece encarnada numa diabinha, na noite de passagem de ano acho que até deve uivar! É algo que não podia perder mas para isso era preciso eu esquecer-me da Rita e este ano estou por conta dela; e onde ela decidir passar, eu passo...
A ideia da Rita é ir para o monte no Alentejo que parece estar sem ninguém nesta altura do ano e, embora a ideia seja boa, assusta-me o facto de não haver mais telefones num raio de 3 quilómetros (a não ser o meu telemóvel...) como está fora de causa qualquer ligação (mesmo mais lenta...) à Internet. Só estas duas questões são para mim mais que razão para não querer ir mas ela puxa bastante ao sentimento e como no princípio do ano o trabalho aumenta é a grande oportunidade de estarmos os dois mais à vontade. Acho que infelizmente o assunto já não está mais em discussão. É daquelas coisas que ela decidiu, e está decidido.
Achei melhor não questionar pois estaria a denunciar a razão pela qual gostaria de ficar em Lisboa. E dizer-lhe que queria passar em casa seria no mínimo suspeito e levantar suspeitas é a última coisa que quero neste momento. Esta ambiguidade de vontades começa pela primeira vez a fazer-me questionar várias vezes sobre a minha liberdade e não fosse o facto de estarem mais pessoas interessadas nessa liberdade, certamente entregaria-me à Rita sem problemas. O meu Tio costuma dizer que não há fome que não dê em fartura e a verdade é que depois de algum tempo sem namorada parece que estou em estado de graça e entre a Filipa e a Rita. Lembrei-me das palavras da minha tia no último jantar em casa deles no Restelo “-Não lhe devem faltar pretendentes” e como se não bastasse mistura-se agora a ex-namorada…
A Catarina mandou-me hoje uma mensagem na sequência das que tenho recebido nos últimos tempos: “Olá Sebastião, estás bonzinho? Onde vais passar a passagem de ano?” ao que preferi nem responder. Mesmo depois de vários meses de termos terminado (não me posso esquecer de contar o porquê... vocês vão gostar!) a Catarina mantêm ainda uma cumplicidade inerente aos quatro anos de namoro, e cinco minutos recebo outra mensagem com nova provocação: “É uma proposta... é indecente... e só inclui nós os 2. Será preciso explicar mais? :p ” E realmente não é preciso explicar mais. Eu percebi perfeitamente qual era a sua ideia mas não está no meu horizonte ter mais uma vez uma noite de prazer seguida de dois meses de tortura. É uma técnica já antiga que a Catarina utilizou nos primeiros tempos após o namoro e que consegui resistir. Aliás é surpreendente como Lisboa se começa a tornar um palco de feras esfomeadas... e ainda nem começou o Rock in Rio ou o Euro 2004. Mas neste momento estou completamente atado, e decidido! Vou enterrar-me num “monte perdido no tempo” com a Rita.
Em todo o caso tenho de admitir que há três factores que me agradam no Alentejo nesta altura do ano: o facto de estar frio, o facto de estarmos os dois sozinhos e o facto de estarmos os dois sozinhos com frio...
O desejo de um Sexy New Year 2004 para todos!
P.S. Uma boa notícia para fecharmos o ano em festa! Obrigado a vocês!