A soma de todos os amores falhados torna o Homem capaz de amar e de ser amado…
O dia dos namorados é o melhor acontecimento para uma tentativa de “brainstorming” emocional, feito por todos, namorados e solteiros. Na Internet multiplicam-se as formas de carinho para demonstrar à pessoa amada o quanto gostamos dela: Postais, cartas de amor, sms’s e presentes, são tudo formas para conquistar a cara-metade. As lojas aproveitam o evento e criam-se promoções para vender e alugar automóveis sob o desígnio da paixão, e os hotéis, motéis e pensões esgotam nas últimas horas para que todos os casais apaixonados possam celebrar assim mais um dia de pura propaganda.
Eu não fui indiferente e, perante tantos amores e indecisões, acabei por me decidir por uma aventura. Decidi não passar a noite com a Rita, ou até mesmo com a Catarina que insistia nas mensagens de telemóvel, e optei por passá-la com uma amiga que vinha à algum tempo a provocar-me. Era tempo de decisão, de loucura, e assim foi... Não é importante o nome, comum como tantos outros e vulgar neste processo de escolha múltipla.
Depois de um jantar apressado, ainda em vésperas de São Valentim, tudo apontava para uma necessidade mútua de prazer e, embora a vontade fosse unânime e nada nos comprometesse moralmente, ficámos parados dentro do carro a conversar e a colocar em ordem conversas antigas que se tornavam cada vez mais obvias do que poderia acontecer. Mas onde?
E foi mesmo ali, no carro, que decidimos partir à loucura. O primeiro beijo foi a pedra de toque para quebrar o gelo que nos separava e em segundos os nossos corpos suplicavam por uma fusão mais profunda. Os bancos da frente, e embora permitam reclinagem, são uma aventura inultrapassável e decidimos passar para o banco de trás. Ainda entre beijos e amassos já a humidade nos vidros se tornava nossa cúmplice e escondia o calor daquele ninho. Ela estava preocupada mas a respiração ofegante e a temperatura que teimava em subir, começa a tomar conta de nós. Beijos muitos, talvez mais do que os necessário, eram o melhor desinibidor. Semi-despida, vulnerável aos olhares de quem passava, ela parecia esquecer as regras de conduta social enquanto lhe sugava o peito com toda a volúpia. Estávamos entregues ao espírito de São Valentim, seja lá isso o que for, e de repente não via alternativa para uma resolução de um problema mais térreo.
Não havia preservativos, e no entanto algo tinha de ser feito. É estranho como duas pessoas num dia destes, onde é quase certo o cupido atacar, não se terem prevenido para este contacto total... E agora? Deixei-a decidir enquanto me sugava de prazer. Aproveitei o momento e sentia os seus lábios quentes em mim enquanto a sua língua envolvia a glande deixando-me perto do êxtase. O processo era demorado e prolongado, como se quer, interrompido com mordidelas na barriga que cortavam precipitações. A dada altura não me consegui conter e, depois de avisar, atingi o clímax na sua boca. Serena, tal e qual como no principio, manteve o ritmo como se nada fosse, não deixando cinco segundos estragar o prazer de uma noite. É talvez esse o segredo feminino, de controlo e sobretudo de poder de sacrifico, ao dar prazer e inibir-se do mesmo na sua forma mais completa.
Acabei a noite a pensar no quão importante é a mulher neste processo de sermos ressarcidos do nosso maior prazer e, por vezes, imiscuirmo-nos de retribuir da mesma forma. Haverá outra qualquer forma de ter prazer unilateralmente e sentir prazer no outro? Ou será este meio mais uma forma para justificarmos o nosso egoísmo? Foi sem dúvida um dia dos namorados diferente em que acredito que o resultado de tantos amores falhados tornou-me mais capaz de amar e sobretudo de ser amado…