“A doença carrega consigo as mais doentias atitudes...”
Na sexta-feira com aquela correria por causa do jantar em casa da Rita acabei por não fazer o “update” de assuntos que ficaram pendentes. Tenho falado diariamente com a Sofia e a gripe dela começa a transformar-se num caso patológico por não haverem melhoras da febre e o médico recomendou canja e descanso durante três dias! Rica vida… As mulheres passam a vida a insinuar que quando os homens estão doentes são uns piegas. É verdade, admito que comigo é assim. E gosto! Já viram algum homem doente abandonado? Recordo-me uma vez um amigo ter sido operado e dizia-me que cada vez mais apreciava o sistema de saúde de Portugal. E tudo porque o hospital em causa importava enfermeiras de Espanha de se perder a cabeça! Assim até dá gosto!
Ontem depois de dormir quase o dia todo (estava a precisar de descansar das noitadas, e é aproveitar agora que a Sofia está doente...) ainda passei na casa dela para ver o estado (de sítio!) do “ground’s Sofia zero” e constatei que a gripe é tão cómoda, que às vezes até me parece que alguns fazem de propósito só para tirar uns dias. Comigo por exemplo, quando estou doente, devo revelar alguma atracção fatal pois resulta sempre algo muito especial. Esperei que umas amigas de ocasião da Sofia acabassem aquela conversa de caracol (enrolam, enrolam e enrolam) e se fossem embora e sentei-me na cadeira junto à cama (qual Pai Natal a contar histórias…) e expliquei-lhe o porquê desta afirmação, nem ela sabia desta constante.
Cada vez que estou doente é como se estivesse às portas da morte. Só falta chamar um Padre,
de resto chamo toda a gente. Detesto dormir sozinho, sinto-me “desprotegido” e faço sempre um charme (doentio!!) para ganhar alguma companhia mais afoita. E que valha a pena… A verdade é
que resulta e então não é que sempre, (mas sempre!!!) que estou doente elas atiram-se? Eu bem digo que me dói a cabeça mas é inútil. Recordo-me de uma amiga que quando lhe disse que me doía o corpo todo, ela aproveitou logo para avançar enquanto questionava com uma voz suave:
“- E aqui…. também te dói?” E depois um homem não é de ferro e no conforto da sua cama acaba por se sentir algo viril no meio da incapacidade da doença, e cumpre. Mas esta atitude é mesmo levada ao extremo, há uns anos atrás tinha uma namorada que ainda estava naquela fase do “cada dia, uma surpresa”, e escolheu precisamente o facto de ter partido a perna para, e enquanto víamos um filme, começar a abrir o jogo do fellatio com a (fantástica) desculpa de: “-tu agora não te podes mexer… eu trato de ti…”