No homem, o desejo gera o amor. Na mulher, o amor gera o desejo…
“-Foi bom para ti?”
“-Gostaste?”
“-Surpreendi-te?”
“-Estás bem?”
“-Então que tal?”
Estas são talvez as interrogações que mais me levam a pensar que ou arranjo rapidamente uma namorada, ou corto os pulsos. As relações que tenho vindo a manter ultimamente terminam, quase sempre a altas horas da madrugada, com a dúvida de quem será desta vez a mulher com que irei acordar ao lado. Uma situação desagradável e que mexe por demais com o coração de mel que está dentro de nós. Admito que nos últimos tempos não tenho tido qualquer relação amorosa: só sexo, sexo e mais sexo. Como que uma droga ou um substituto para um doente já crónico e febril. E no final, ao ouvir frases como aquelas, destoam de tal forma os sentimentos que só me lembro de ir ao talho e o Sr. Silva perguntar: “-Então? Está bom assim ou quer mais fininho? Veja lá, se quiser tiro esta gordura…” Será essa a diferença entre o carnal e o sentimental?
Mal por mal vou mantendo relações abertas que cada vez mais conseguem condicionar a minha “open mind”. É como um trapezista de circo que de tanto andar na corda bamba, a dada altura questiona-se se será seguro andar com os dois pés no chão. O ciúme começa cada vez mais a misturar-se com o egoísmo e não é menos raro andar nas ruas de Lisboa e ver casalinhos de tenra idade, na flor dos 17 anos, de carinhos tão intensos que por vezes questiono se não há um prazo para perdermos a ingenuidade? Gostaria que existisse uma pastilha, mágica como a aspirina ou um laxante, que nos condicionasse o espírito e alma para vermos o amor de forma diferente. Há uns anos, quando também eu me deixava enamorar por palavras e gestos baratos, não fazia a mínima ideia que poderia a dada altura questioná-los ou até mesmo colocar em causa a sua veracidade.
Pensei a determinado momento que a solução passasse pela companhia e procurei há uns tempos carne fresca, gente nova e inocente, sem manhas nem manias, com carinhos ainda virgens, sem malícia mas muitas surpresas. Julguei que assim iria absorver por osmose toda a sensibilidade dos tenros anos, a ingenuidade e o fervor com que ainda se acredita que tudo vai ser um jardim coberto de flores. Dei-me mal... descobri que na cabeça de uma miúda nunca se sabe o que vai acontecer, podemos estar cobertos de razão, de intenção, somos atendidos, correspondidos e de repente: puff! Mas como “puff”? Assim “puff”? Sem mais nem menos? A verdade nua e crua incompatível com a compaixão de quem já sofreu... Maldade diria eu, verdade disse ela…
De tal forma que hoje devo a minha postura a dúvidas que me são colocadas e que vou encontrando a resposta da pior forma. Uma lei da selva, sem ordem que valha e que não consigo evitar. Um amor mal curado, e mil e uma mulheres que pouco representam. É este o segredo que muitos tentavam descobrir. A partir do dia em que o namoro com a Catarina terminou, seguiu-se uma fila interminável de pessoas a quererem ocupar um lugar que afinal, e se calhar, já nem existe. Está fora de causa voltar atrás, está difícil manter a frieza necessária, e muito mais difícil aguentar sem ver um futuro próximo. Enquanto isso vou relatando o “sex in lisbon”, feito por mim, pela Sofia, e por todos nós. Por vezes acompanhado, outras com alguém, e outras sem ninguém.
Às vezes só tenho vontade de ficar quieto num canto, qual miúdo com medo do escuro, à espera que tudo passe. E será que passa? Não passa… e quando dizem que o melhor “é não procurar” não acreditem, deve ser a maior mentira do mundo! Ponham-se quietinhos em casa e vão ver o que acontece: ou ganham raízes no sofá, ou rugas na barriga… Vou-me mexer, não vou continuar a brincar, vou procurar um jogo sério porque acredito que há alguém por aí com muito desejo para gerar amor... e uma venda nos olhos!