A coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais…
O Alentejo é sem dúvida a seara de ouro de Portugal. Ao chegarmos ao monte dos pais da Rita percebi que ali havia tempo para tudo. Depois de abrirmos as portadas da casa era tempo de tornar habitável (mesmo por dois dias...) a casa que iria esconder o nosso amor de fim de ano. Apesar de nunca ter andado nos escuteiros decidi tratar da lareira e foi então que compreendi quanto poder sentira Nero quando incendiou Roma. O fogo estava perfeito e transferia à sala uma luz natural e aconchegante... tal como o calor! Enquanto isso a Rita preparava as coisas na cozinha e guardava no frigorífico umas compras que fizemos ainda em Lisboa: queijos, camarões e champanhe iriam ser a nossa gloriosa ceia de final do ano.
O final de tarde estava esplêndido e é impressionante como a música que a saía da aparelhagem da sala mesmo num tom baixinho se tornava incomodativo perante o crepitar da lenha na lareira. A Rita decidiu deitar-se ao meu lado e, enquanto na televisão davam programas nacionais de música, aproveitei para ler o jornal do último dia do ano. Estava feliz e descobri que é assim que quero passar os últimos anos da minha vida.
Por volta das dez da noite decidi ir tomar um banho e embora a tenha convidado para vir comigo ela preferiu desculpar-se com os afazeres culinários. Não está fácil de conquistar… será que ela estaria a pensar em mais uma “simples noite”? Mas percebi que era necessário ir preparando os camarões e alguém tinha de ir avançando a ceia. A Rita tinha acomodado as nossas coisas no quarto dos pais que oferecia uma tranquilidade natural devido à vista maravilhosa sobre a planície alentejana. A cama de casal era também uma condicionante importante. Embora a casa fosse grande estava excepcionalmente bem aquecida. O quarto era espaçoso e tinha uma casa de banho do tamanho da China! Tomei um banho rápido e quando me preparava para sair percebi que a Rita já estava no quarto. Decidi enrolar-me na toalha e dirigir-me à mala para escolher a roupa para vestir. Ela estava a mexer no armário e quando passei deu-me um apalpão e eu reagi com um simples sorriso malandro. Decidi dar-lhe um beijo e quando dei por mim estava totalmente enrolado nos seus braços e caímos na cama. Estava doido para que me puxasse pela toalha quando me pediu para ir tomar um banho: “Não fujas… eu venho já!” Fiquei na dúvida se devia vestir-me ou esperar assim enrolado na toalha … será que ela não iria levar a mal? Aguardei enquanto lia uma revista qualquer cor-de-rosa do verão de 2002... tudo bronzeado!
A Rita não se demorou e aparece com o cabelo molhado e uma toalha envolvida no corpo que deixava à vista os seus ombros magnificamente esculpidos. Entrou na cama e tirou a sua toalha molhada enquanto se enrolou nos meus braços com um cheiro a champô. Beijava-me como senão houvesse amanhã e decidi então ser controlado pela “senhora arquitecta”! Foi impressionante perceber num curto espaço de tempo que afinal tudo estava programado e que esta passagem de ano iria afinal ser a passagem à descoberta do corpo da Rita. Ela perguntou-me se tinha preservativos e enquanto isso entretia-se a deixar-me molhado. Fizemos amor até perto das onze horas e fiquei abismado com a sua resistência, ela não dava mostras de cansaço… só de prazer e mais... e mais… e mais! Descobri-lhe um "piercing" no umbigo que lhe transfere toda a sensualidade e rebeldia necessária a uma menina de bem. Algo tem de destoar para explicar algumas atitudes. Comemos a correr (uns camarões óptimos!) e a meia-noite foi passada junto à lareira na companhia de uma garrafa de champanhe que mais tarde decidi entornar sobre o seu corpo. Foi uma noite formidável e sem duvida que me surpreendeu a sexualidade que a Rita coloca em cada movimento do seu corpo... talvez das mulheres mais excitantes que já dormi. No final adormecemos rápido devido ao álcool que já fervilhava nos nossos corpos quentes.
Acordei de tarde e levantei-me para preparar um sumo e surpreendê-la por baixo dos lençóis. A Rita acordou com a minha língua e mais uma vez a ouvi gemer de prazer. Arranhou-me as costas e puxou-me para o banho onde se mostrou verdadeiramente hábil na arte de me excitar. A sua boca quente sugava-me e atingi assim o meu primeiro orgasmo de 2004. Será que tem alguma importância em especial?
Regressámos já de noite para Lisboa e, enquanto ela dormia encostada à janela do carro, eu não queria acreditar que aquela menina doce foi por uma noite a mulher que mais aspirava alguma vez ter ao meu lado. É que por vezes apercebemo-nos que não há nada melhor para conhecermos alguém que sentir como se não houvesse amanhã...