"O problema é quando se começa a ter muito mais boas amigas do que más namoradas..."
Foi esta frase que conseguiu resumir os meus últimos dias. Dou por mim rodeado de amigas excelentes, lindas de morrer (e boas!), e continuo a procurar carne lá fora. Não acho normal e decidi mudar de estratégia, a partir de agora faço como diz o anúncio, vou para fora, cá dentro! E é aquilo que me anda mesmo a apetecer!
Foi por isso que aceitei o convite da Mariana para ir jantar a casa de uma amiga dela, acho que os pais da dita estão fora e então aproveita-se para dar cabo da garrafeira da casa. Ah, e com a Sofia doente as mulheres parece que se escondem! Não tinha nada a perder. A casa era numa daquela ruas escondidas da Lapa, andei doido à procura da maldita artéria, o que me deixou ainda mais curioso neste excitante jogo do gato… e da rata! Depois de perguntar a um bêbedo e dois taxistas lá consegui encontrar.
Como esperava, não havia elevador, e também não era preciso, a menina dominava o rés-do-chão, o primeiro e o segundo andar. A casa é linda de morrer, parece daquelas casas que só vemos em novelas… com a actriz boazona e tudo! O nome dela é Rita, um espanto de mulher, um ar doce, carinhosa… ao subir as escadas para a sala, só tinha vontade de me estatelar todo e partir uma perna só para a ter durante um mês a tratar de mim. Fiquei alucinado… senão é aquela a mulher dos meus sonhos, então não sei o que me reserva o destino. Decidi aproveitar o momento ao máximo.
Enquanto a Mariana e o namorado (um tipo com ar de surfista que nem decorei o nome…) já estavam na sala a ver as notícias da TVI (confesso que não tenho pachorra para ver aquelas histórias das velhinhas a quem roubaram as pensões à porta dos correios da Trofa!) fiz um pouco de charme e pedi-lhe para me mostrar a casa… é curioso as coisas pelas quais me interesso quando estou fascinado com alguém… acho que se ela me pedisse até cantava ópera só para demonstrar a boa acústica do segundo andar. Aliás foi isso que me apercebi ao subir: “-E este é meu espaço…” disse ela. O espaço dela dava para morar uma família inteira de ucranianos! “- Simpático, muito giro…” foi o que me saiu. A cama dela é quase do tamanho da minha... pouco profissionalismo da parte dela… gostei!
O jantar foi divinal, éramos quatro à mesa, parecia que estavam encomendados os pares… Uma porcaria de um lombo de porco que já ninguém mais atura (será que ainda há gente que não provou daquilo? Até no Iraque já devem ter comido! Primeiro foram os bifes com cogumelos, agora lombo de porco… acabem com estas ementas!!), com aquelas batatas de cachorro e uns pastéis de Belém trazidos pela Mariana que mora lá perto. O melhor foi mesmo o vinho (o pai da moça tem boa escolha!) e bebemos duas garrafas de “Reserva Ferreirinha”. Dali para o sofá foi num instante...
Estavam todos cansados, ou quase todos…
A Rita estava cada vez mais em cima de mim, o sofá não era para duas pessoas e eu ia aproveitando aquele “deslize” quando de repente…. a Mariana levanta-se e diz “-Já é tarde… não gosto de andar na rua a estas horas, vamos andando?" (de repente pensei que estava a jantar na Serra Leoa, que desculpa mais esfarrapada!) até parece que eu não me lembro das borgas que ela fazia quando andava na noite, chegava a casa nunca antes das oito!
E lá fui eu pelo cano. Nas despedidas fúnebres, disse à Rita que adorei o jantar (um homem tem de saber mentir) adorei a casa, mas sobretudo a companhia. E que lá para segunda-feira arranjava o DVD. Pois é, achavam que eu ando a dormir não? Lancei o isco!
Numa das muitas conversas, falei-lhe do filme “O caso Thomas Crown” que ela disse-me ainda não ter visto, ao que aproveitei para dizer:-”Acho que tenho lá em casa… se tiver convido para ires lá ver! Qual o teu telemóvel?” Eu sei que não foi a saída mais feliz, mas agora que o número já cá canta, resta fazer contas com a boa da amiga...