Entrei numa loja e senti-me como no meio do estádio de Alvalade... ninguém olha para mim, olham para as minhas mãos dentro dos bolsos com medo que roube alguma coisa. Parece que estou mal vestido ou coisa que o valha... No Natal é sempre assim, abusam... A hipótese que eu esteja ali para comprar passa completamente ao lado da menina que está à porta a controlar sei-lá-o-quê! Ando à procura de uns brincos para oferecer à minha vizinha e a Rita está a ajudar-me. Ela é organizada a fazer compras, tem um bom gosto impressionante e até agora ainda não mostrou ciúmes de estar a escolher uns brincos para outra. Mas a Filipa é daquelas vizinhas que merece, está sempre pronta para me ajudar em qualquer altura e nunca se inibe em convidar-me para ir lá jantar a casa quando tem amigas boas. Ferra-me com uns olhos do tamanho do mundo, mas eu disfarço e vou-me babando com as amigas e ainda ajudo a regular a televisão (uma ciência!). A Filipa mora mesmo ao meu lado (no direito) e ainda só lhe conheci um namorado que foi corrido a tachos e panelas. O pobre rapaz acho que fez um comentário menos agradável ao pai dela… e ela não vai de modas e atira-lhe com o que tem à mão. Não se ter lembrado do conjunto de facas chinesas que lhe ofereci no Natal passado foi uma sorte! Mas quando ele dormia cá em casa, era ouvi-la em gritos de prazer: “Penetra-me! Sim!” E eu que pensava que já só se dizia “penetra-me” nos filmes pornográficos. Uma maluca...
A Rita encontrou umas pulseiras prateadas giras (60 euros! é melhor reformular...). A Rita encontrou umas “mega-pulseiras super prateadas mesmo muito giras” e pediu para embrulhar (é de borla...). Enquanto isso tocou o telemóvel e ela atendeu sem pressas. Era do atelier, a Rita é arquitecta e volta e meia tem de ir a umas obras conferir uns projectos (?). Perguntou-me se queria ir com ela, e lá fui. A obra é mesmo em frente às Amoreiras, são uns escritórios e um ginásio qualquer importante. Atravessámos a rua e quando dei por mim estava enterrado de lama até aos tornozelos, rodeado de ucranianos de chapéu branco e um cromo (daqueles de bigode) de chapéu amarelo que me irritava com a história do: “Mas ó xorarquiteta”... “A xorarquiteta quer ir lá a cima?”… “Isso é com a xorarquiteta”. Cansei-me daquela graxa e como vi que a coisa ia demorar fui para casa no meu carro e ela ficou de lá ir ter “depois da obra”. Vinha para casa a pensar que afinal ela parece-me mais responsável de chapéu das obras e a ser tratada por “xorarquiteta”... chegou ali e tomou conta da situação como se tratasse de uma revolta popular em pleno México (um ponto a favor da equipa visitante... gostei mesmo!)
Entrei em casa e aparece-me a Filipa no patamar, só faltava apanhar-me com o presente que por sorte deixei no carro. Entrou para conversarmos e convidei-a para jantar connosco. A Filipa aceitou sem demoras, está mortinha para conhecer a Rita! Ciúmes? Decidi encomendar chinês e aproveitei para lhe gravar um CD de "Skunk Anansie" que já me vinha a pedir há algum tempo. Sentou-se ao meu lado no sofá, ligeiramente mais perto do que é costume e a conversa só rodava à volta de temas ainda quentes para a hora...
Nove horas e chega o chinês na lambreta ruidosa. Enquanto ele subia com o 6, os 14 e os 57 liguei para a Rita para perguntar se demorava muito. “-São mais dez minutos querido, eu levo um filme do "Blockbuster" para vermos a seguir e não te faças à vizinha!” Desliguei o telefone enquanto ela se ria e eu me indignava com o “querido”. Há dois dias escrevo sobre os “queridos”, e hoje chama-me querido? Querem ver que anda a ler-me? A Filipa ajudou-me a abrir as caixas chinesas e enquanto eu arrumava os crepes sussurrou-me ao ouvido: “-E se eu agora te violasse?” Fiquei parvo a olhar para ela e larguei uma boca para não queimar o ambiente: “-Hoje não comes mais picante...”
Durante o jantar senti que as duas se davam muito bem, gosto de ver os meus amigos darem-se bem e aceitarem a Rita. Fiquei com a certeza que o presente de Natal que a Rita escolheu deve encaixar com uma luva ao gosto requintado da Filipa que entretanto já foi andando para casa. Eu e a Rita acabámos de arrumar as louças sujas e os pauzinhos (esta é daquelas bocas foleiras, mas ela entende-se bem com aquilo...) e sentámo-nos a ver o filme. Ela estava agarrada a mim como se eu pudesse fugir juntamente com o Leonardo di Caprio em “Catch me if you can” num qualquer avião internacional. Passados 20 minutos decidi parar o filme… ou uma coisa ou outra! A Rita estava em cima de mim aos beijos e as minhas mãos perdiam-se no seu corpo de deusa. Senti pela primeira vez a volumetria do seu peito no soutien branco... nem grande nem pequeno, perfeito! E os mamilos pequenos, clarinhos... que doce! Quando tentei sentir algo mais abaixo, ela disse-me para não ser apressado. “-Eu não tenho pressa nenhuma!” disse-lhe eu como que comprometido por ter sido apanhado a mexer na gaveta da avó. Seguiram-se mais beijos e o resto do filme. A Rita foi para casa cedo (o projecto das Amoreiras…) enrolada em beijos que não me canso de lhe dar. E eu sozinho numa sexta-feira em casa acabei por conduzir toda a minha excitação à mais antiga das práticas sexuais...
Convence, mas não satisfaz...